PLAYLIST: 5 cineastas nórdicos e os seus 5+1 filmes que vão aumentar o teu nível de cinefilia

Melancolía - Lars von Trier

Um realizador pessoal, no sentido mais literal da palavra. Estranho, hipnoticamente fascinante, magistralmente insuportável, de imaginação tortuosa e destruição sofisticada. Transgressor até à última gota. Louco e inimitável.

Num mundo estéril de sensibilidade, duas mulheres - uma jovem bipolar e a sua irmã renegada - erguem-se como símbolos da pureza, numa altura em que o planeta Melancolía está prestes a colidir com a Terra.

Cinéfilo procura um choque de planetas hipnótico, o crepúsculo inevitável da humanidade naquele que será - provavelmente - o fim do mundo mais bonito que alguma vez verás.

O outro lado da esperança - Kaurismäki

Defensor de causas suicidas e de personagens à deriva com uma pureza estranha. Um dos realizadores que empunham a câmara com a determinação absoluta de que devem atuar. Os perdedores governam o universo dos seus filmes com uma inexpressividade gestual e uma sobriedade excêntrica.

Helsínquia transforma-se numa cidade fantasmagórica, cenário da angústia lacónica de um refugiado sírio cuja vida foi arrasada pela guerra. Uma personagem sem brilho que vive numa monodose de esperanças. Mas há luz, e há calor.

Cinéfilo procura um filme insólito, agridoce, e charmoso. Uma sensação sem preço que apenas se consegue naqueles filmes que têm algo para contar e que o sabem fazer (muito bem).

Um Pombo Pousou num Ramo a Refletir na Existência - Roy Andersson

Aula em surrealismo e Cum Laude em poética visual. As suas imagens etéreas são fruto de uma realidade de sonho e de um sonho realista. Retrata a norma social com crueldade, mas os seus episódios deixam sempre espaço para a solidariedade.

Metáfora de um mundo à deriva numa fórmula utópica onde as personagens estão a um passo do abismo, apesar de continuarem a fingir que tudo está bem. Porque não há nada mais humano do que sobreviver a um panorama infectado pelo surrealismo, o existencialismo e a comicidade.

Cinéfilo procura um filme que apresente um sorriso tragicómico enquanto assiste com ironia à chamada telefónica das personagens: “Alegra-me saber que estás bem.”

The Hunt: A Caça – Thomas Vinterberg

Criador do movimento Dogma 95, juntamente com Lars Von Trier, defensor da autenticidade sem efeitos visuais, dos factos crus e sem filtros.

Uma narrativa energética num inferno pessoal que deixa em carne viva um professor acusado de abusos sexuais. O filme não brinca contigo, o protagonista é inocente. Lá está. Um exposé sobre a facilidade com que os rumores e as calúnias destroem uma comunidade.

Cinéfilo procura um drama exponencial num filme que acaba por se tornar numa retórica do terror com um guião preciso, quase documentalista. Protege-te, pois ele irá deixar-te com uma sensação de frio como se caminhasses nu pelo inverno dinamarquês mais cruel de sempre.

Força Maior - Ruben Östlund

Aluno e admirador declarado do seu mentor Roy Andersson. O premiado realizador sueco (‘O Quadrado’ e ‘Força Maior’) encontra inspiração no politicamente incorreto de Buñuel e no surrealismo onírico Anderssoniano.

Uma completa dissecação do instinto humano mais primitivo: o egoísmo. Um ato patético e desesperado pela nossa própria sobrevivência. Uma observação maestra tão surpreendente e atrevida que te deixará com vontade de ver mais cinema de Östlund.

Cinéfilo procura um drama tragicómico que começa com uma provocação e nos deixa com uma confirmação paródica e incómoda do quão miserável o ser humano pode ser.

About Endlessness - Roy Andersson

Colecionador firme de prestigiosos prémios, já foi galardoado em quase todos os cantos do mundo, destacando o Festival de Cannes (‘Giliap’ em 1975; ‘Tu, que Vives’ em 2007), o Berlinale (‘A Swedish Love Story’ 1970), e o Festival de Veneza, onde adestra leões de todas as cores (O Leão de Ouro para Melhor Filme por “Um Pombo Pousou num Ramo a Refletir na Existência e, no último, o Leão de Prata para Melhor Realização por ‘About Endlessness’).

Uma filmografia concisa mas precisa de 6 longas-metragens sobre a vulnerabilidade do ser humano. Filmar a fragilidade humana tornou-se num ato de esperança, carregado de beleza. A beleza de existir.

Neste filme, o infinito sinaliza a existência e evidencia com maestria as imensas possibilidades do cinema.

Cinéfilo procura um relato caleidoscópico do eternamente humano, uma história infinita sobre a vulnerabilidade da existência.

 Sinopse. Uma reflexão em torno da vida com toda a sua beleza e crueldade, todo o seu esplendor e banalidade. Onde os momentos intranscendentes possuem o mesmo significado do momento histórico: uma parada alegórica por cima de Colónia, destruída pela guerra; no caminho para uma festa de anos, um pai baixa-se para atar os cordões dos sapatos da sua filha debaixo de uma chuva torrencial; adolescentes dançam à frente de um café; um exército derrotado marcha para um campo de prisioneiros. Odeio e lamento ABOUT ENDLESSNESS ao mesmo tempo, uma história infinita sobre a vulnerabilidade da existência.